terça-feira, 7 de novembro de 2017

E não temos outro meio, será?



E NA TERRA DE NINGUÉM...













 NOAM CHOMSKY tem uma conversa interessante sobre a habilidade dos políticos de todas as espécimes: a tremenda habilidade em criar problemas que demandem soluções próprias. E temos que aplaudir nossos políticos em todas as localidades. O que vemos no silencio das massas famintas e assustadas e nas massas opulentas e tranquilas é uma vitória dessas habilidades políticas. 

A lava jato parida dos conchavos de PSDB consegue rasgar a constituição com suas conduções coercitivas e prisões temporárias, julgamentos midiáticos e perdão espetacular das sentenças proferidas por um juiz redentor.  A prisão de empresários luminares acusados de corrupção e a liberdade e acomodação dos políticos corrompidos é gritante da falsa moralidade de uma sociedade “naturalmente corrupta”. 

É encantador.

E vai mais, derrubando uma presidente aguerrida, ignorando seus milhões e milhões de votos, inocente, coloca-se no seu lugar um fantoche e o mesmo é salvo de duas graves denúncias, ambas com provas de seus crimes. Vai entender esse pais! Sem entender as lições de Noam Chomsky não dá. Talvez e justamente por isso vemos tanta besteira nos “grupos sociais”, que para mim grito em coro com o iluminado Zygmunt Bauman e sua Moralidade Líquida: rede de otários, dos que gostam de ouvir os mesmos, dos que falam por si.

Distante da realidade que vivemos e sentimos. Onde as massas vivem, comem e se reproduzem. Vivemos numa cidade que se torna a cada dia um deserto e não se vê movimento de redenção. Ao máximo, uma pressão sobre o prefeito, algumas reuniões e pronto, nada mais.

Nosso cenário local é de políticos dominando a superestrutura logico e estrutural da sociedade. Dessa forma não temos saída, tudo ficará preso para sempre na armadilha dos problemas criados justo no tamanho da capacidade deles de solução. E não tem solução para nada a não ser levar tudo o que podem para suas tocas. Precisamos como empresários criar o contraponto ou o contrassenso e não corromper, mas ditar o conteúdo que nos interessa e a sociedade.

O silencio atual e a contrapressão são resultados da manipulação emocional que a sociedade sofre dos políticos. Manipulam o emocional social através da corrupção, o egoísmo exacerbado, a falsa insegurança e da construção de problemas do tamanho de sua compreensão. 

Então, vivemos o que merecemos viver? A comercialização dos votos e o natural abandono do eleitor são partes do mesmo problema. Eleitor corrupto gera políticos corruptos e imediatistas. Um dos maiores entraves ao desenvolvimento sustentável das cidades é a falta de uma base legal resultada do debate e da coragem de estabelecer pontos de ruptura. Temos lideranças perdidas, resultadas da manipulação criminosa da “democracia” e do “voto”.

Para que serve uma câmara de vereadores e eleições? Para que serve as lições de Rousseau, a revolução francesa e os ideais de participação da carta americana? Para que servimos nós povo brasileiro?



E sempre penso em gaia, em campos verdes e floridos, em campos arados e no céu azul. E mais vezes ainda, para aplacar a incompreensão, penso na imensidão do cosmo, na comunhão além do tempo. Mas penso... Mas as vezes penso em chuva de sal, outras no calor do inferno e noutras ainda a forca, o esquartejamento ou a morte lenta da dama de ferro...


domingo, 15 de outubro de 2017

Ações irracionais de seres racionais



O que é a 'contabilidade mental' pela qual Nobel de Economia explica como nossos gastos são irracionais
  • 12 outubro 2017










A teoria de Richard H. Thaler analisa como sua mente por te enganar ao tomar um financiamento no banco, na hora de fazer compras na promoção e na organização do orçamento familiar.
Você vai pedir um financiamento e calcula quanto terá que pagar todo mês. Não presta atenção na taxa de juros que estão te cobrando, não tem tempo de refletir e simplifica sua análise para satisfazer uma necessidade imediata. 

Você se pergunta: Posso pagar a conta? Se a resposta é positiva, então o assunto está resolvido. 

Digamos que você pediu crédito, pagou o que precisava e sobrou parte do dinheiro. Você entra na internet e vê que há uma promoção de até 50% na compra de um telefone. Você compra e, no final, nem analisa se a redução realmente deixou o produto mais barato que o preço médio de mercado. 

Ou algo mais simples: você trabalha como autônomo, consegue ter um salário, mas não te sobra um percentual para aposentadoria. 

Em todos esses casos, você toma uma decisão financeira irracional motivada por uma necessidade imediata. 

As decisões econômicas são frequentemente tomadas com um "foco" específico, que simplifica as análises sem considerar todas as alternativas e consequências. 

Em todos esses casos é aplicável a teoria da "contabilidade mental", criada pelo norte-americano Richard H. Thaler, ganhador do prêmio Nobel de Economia de 2017, que se dedica ao campo da economia comportamental - disciplina que tem permitido construir pontes entre os achados psicológicos na tomada de decisões e as ciências econômicas.
A Real Academia Sueca de Ciências disse que seu trabalho na área de economia do comportamento teve um 'impacto profundo' 

Os estudos de Thaler questionam, por exemplo, a crença das teorias econômicas tradicionais de que os homens são seres racionais, que tomam decisões calculando custos e benefícios. 

Ele criou um esquema de análise que descreve como organizamos e tomamos decisões criando contabilidades diferentes na nossa mente que nos enganam e que, muitas vezes, nos fazem perder dinheiro. 

Pior escolha
Conforme os achados de Thaler, diante de duas opções postas, somos propensos a optar pela pior alternativa. E isso é explicado por hábito e falta de tempo para refletir.
Por exemplo, embora tenhamos acesso a informações sobre alimentos saudáveis, ainda assim, frequentemente, escolhemos fast food. Pressa, hábito e comodidade nos empurram, neste caso, a optar pela opção mais prejudicial à saúde. 

Pesquisas de consumo mostram que expor alimentos saudáveis em prateleiras mais altas nos supermercados aumenta a venda. Ou seja, independentemente de qualquer discussão sobre obesidade e saúde, as pessoas acabam se inclinando a comprar os alimentos que estejam na linha de visão delas. 

Em alguns casos, as decisões com "racionalidade limitada" podem levar as pessoas à falência por pensarem só no presente. 

Usando a irracionalidade para gerar decisões racionas
O novo ganhador do prêmio Nobel é coautor do best seller mundial Nudge, lançado no Brasil com o título Nudge: o Empurrão para a Escolha Certa. 

Tendo identificado a forma como, em geral, as pessoas raciocinam ao tomar decisões, Thaler argumenta, em seu livro, que é possível estabelecer uma espécie de "arquitetura da escolha", para facilitar o reconhecimento das melhores opções.

Assim como empresas se utilizam dos achados da economia comportamental para atrair pessoas a comprarem seus serviços e produtos, os consumidores podem usar esse conhecimento para evitar decisões ruins. 

No livro, Thaler dá uma série de exemplos de escolhas precipitadas que os consumidores tomam. 

Por exemplo, se uma pessoa recebe US$ 1.000 por seu trabalho ou US$ 1.000 na loteria ou de um reembolso fiscal, gastará esse dinheiro de maneira distinta, ainda que seja o mesmo valor. 

As pessoas tendem a gastar de maneira mais impulsiva dinheiro vindo de uma fonte imprevista. Segundo Emiliano Díaz del Valle, diretor-geral do Instituto Mexicano de Economia do Comportamento, isso explicaria porque, quando uma pessoa recebe um reembolso fiscal, ela aumenta seu gasto em bens de consumo, como roupa ou diversão.
Direito de imagem Getty Images Image caption O trabalho de Thaler tem contribuído para a adoção de políticas públicas voltadas a incentivar as pessoas a pouparem. 

Thaler mostra que também somos influenciados pela forma de pagamento. As pessoas tendem a gastar mais em um supermercado se utilizar cartão de crédito ou débito em vez de dinheiro vivo, embora a fonte dos recursos seja a mesma. 

Outra pesquisa do ganhador do Nobel revela que as pessoas são mais propensas a doar parte do salário para a caridade se souberem que seus conhecidos e amigos fazem o mesmo. 

O estudo revelou aumento significativo de adesões quando os profissionais eram informados de que seus amigos ou colegas também doam. Ou seja, tendemos a gostar de fazer o que nossos amigos gostam de fazer. 

Uso do conhecimento em políticas públicas
Entender como as pessoas tomam decisões pode ajudar não apenas os próprios consumidores, mas também a formulação de políticas públicas. 

Segundo Emiliano Díaz del Valle, os estudos do ganhador do Nobel são tão influentes que têm sido usados nas áreas da saúde, trabalho e educação. 

"O trabalho de Thaler tem sido fundamental na implementação de novos programas para ajudar as pessoas a pouparem de maneira voluntária", diz Díaz del Valle à BBC Mundo. 

Escolha de Thaler para o Nobel foi recebida com especial entusiasmo por um amplo número de pessoas que veem, em seu trabalho, uma contribuição substancial para a compreensão sobre o comportamento dos seres humanos. 

O ex-primeiro-ministro de Reino Unido David Cameron, por exemplo, montou em 2010 um time de especialistas em economia comportamental voltado a criar incentivos para que as pessoas paguem impostos. 

Jogo de pôquer
O ganhador do Nobel também contribuiu para o entendimento das pessoas sobre economia participando do filme A Grande Aposta (The Big Short, em inglês), onde explica, com o uso de uma analogia ao jogo de pôquer, como funcionam as bolhas hipotecárias que desencadearam a grande crise financeira de 2007.

O talento em difundir conceitos e decisões econômicas de forma criativa e compreensível ajuda a explicar porque a entrega do Nobel a Thaler foi recebida com especial entusiasmo por estudantes, acadêmicos, políticos, psicólogos e um amplo número de pessoas que veem, em seu trabalho, uma contribuição substancial para a compreensão sobre o comportamento dos seres humanos. 

Tendo acabado de receber a notícia do prêmio, Thaler contou ao editor de economia da BBC Kamal Ahmed que sua missão era "incluir seres humanos" na teoria econômica.
Perguntado como iria gastar a considerável soma de US$ 1,1 milhão que ganhou com o Nobel, ele deu uma resposta sucinta: "irracionalmente".