terça-feira, 31 de março de 2015

Uma camara inútil...

IMPASSE NA CAMARA DE PARAUAPEBAS
Prefeito desobedece decisão de afastamento por 180 dias – Decreto Legislativo, considerado por ele mesmo ilegal. Prefeita toma posse mas não despacha. Comunidade julga se houve factoide para ratificar ação do MPE. Vivemos mais este pesadelo. Vereadores a venda e comprados, espertalhões enchendo o gabinete, armas em punho. O rei da confusão – Valmir da Integral, esta no seu elemento.







O legislativo municipal enfrenta seu grande momento. Depois disso, teremos uma nova percepção de poder e de quem manda em quem nesta cidade. É uma câmara de vereadores que perdeu e esta perdendo um jogo que nem começou. E de lavada, talvez por excessiva confiança, talvez por Inocência. O fato é que até agora, nada mudou em relação a reunião de 20 de janeiro. Estamos num empate que apenas o MPE e outras forças de investigação e acusação, alheias ao nosso trama local podem e irão resolver.  Câmara e executivo por si não resolvem. Não têm poder para tanto. Tudo na base do dinheiro, da compra de consciência, tripudia quem pode pagar mais. Quem vai resolver o impasse é apenas o MPE, PF ou outros órgãos reguladores externos. Assim, há apenas um prefeito, Valmir da Integral. E uma vice-prefeita, Ângela Pereira.


Esta resolução não salva nossos vereadores do enorme e histórico vexame pelo que  serão e estão submetidos. E tudo por excessiva “sabedoria”, por confiança cega e não estratégica a procedimentos sociais, políticos ou jurídicos – interessante é que, estes procedimentos, a despeito de reiteradas vitorias marginais, não conseguem superar nem de longe a enorme e inercial força do poder executivo. Assistimos quase todos os dias, juízes não acatarem afastamento, usando  sempre o mesmo argumento de que não tem motivo. Ou pedindo acréscimos e complementações à iniciais brilhantes. Ora é mudança de sujeitos em polo ativo, ora são documentos públicos, ora são subterfúgios irônicos, deixando atônitos advogados experientes e novatos.


O lamentável é que alguns desses parceiros são pessoas serias e cheias de boa fé. O problema é quando questões pessoais sobrepõem as profissionais, e inicia uma caça as bruxas dentro do próprio grupo de apoio. Não se deve usar praticas de quem se condena. Utilizar meios condenáveis para se obter um ideal é nivelar por baixo o sonho. Se somos contra a corrupção, então porque corromper? Não posso entender a luta do poder pelo poder simplesmente.

A sessão de afastamento do prefeito é um caso emblemático nesta trama. Apesar dos diretamente envolvidos jurarem que seguiram o rito legal, cem por cento dos advogados consultados condenam a sessão. Desautoriza o julgamento apressado e informal, pode-se dizer. A posse da prefeita virou uma pantomina, quase jogando por terra a credibilidade da futura autoridade. O que assusta é o procedimento em si. Havia grupo e não houve discursão, não se pensou estrategicamente – alguém comentou que na verdade foi montado um factoide para ser referendado pelo MPE.  Ou pelo judiciário. O inteligente ou brilhante estrategista viu sua armação virar pó. Porque faltou combinar com a outra parte e ela não cumpriu seu papel. Se foi factoide foi mais inocência que maldade. Agora que foi péssimo para a imagem de poder que se deve passar – foi.


Valmir é dono do caos. Sempre militou na bagunça, desordem, confusão. Escapou e foi aconselhado  a ignorar a câmara de vereadores. Dividida ele passou a tripudiar sobre os incautos e a vice-prefeita. E continua dando cartas, ao usar a força policial do estado para cercar o prédio publico da prefeitura, como obteve garantias que não deveria obedecer ou entregar algo. Há quase um mês em que ele foi afastado e continua despachando normalmente de sua sala, com apoios crescentes pelo mal entendido e pelos oportunistas que vislumbraram ai uma oportunidade de ganhos. Mas finalmente estão jogando em algum nível. O desafio constante aos vereadores renegados é o envio diário de projetos do executivo para ser apreciado. A negativa da maioria simples em votar, vai criando um fato politico importante – o MPE deve aparecer urgente, senão  esta queda de braço vai pender para um lado... principalmente agora que foi feito a oferta final de acordo e os funcionários públicos vão querer o aumento na próxima folha. Como ficarão os vereadores que insistem que Valmir da Integral não manda em nada e não pode enviar projeto de lei para eles? Vão enfrentar a massa de funcionários e explicar o impasse? Qual o posicionamento estratégico para enfrentar a situação? Vão entrar na justiça?

Sei dos bastidores e sei o que Valmir da Integral e seus “parceiros” esperam. Não  há salvação  para si e sua trupe.  Condenaram-se ao cometerem crimes hediondos com recursos públicos. Nunca se cuidaram mesmo porque também não possuem armas ou estratégias especiais. Diria que estão mais para irmãos metralha do que para lava jato. São bandidos de baixa categoria e se enrolaram depressa, deixaram marcas e se fartaram. Gritaram para todos nas suas ligações e grupos de whatsapp o que fariam, comportaram como colegiais na primeira festa. Haverá severas punições em breve. Mesmo porque depois da crise de corrupção que o PT exponenciou não é mais possível manter tanta sujeira debaixo do tapete. E a sujeira feita em Parauapebas – com apoio de parte do PT (todos os cargos executivos do governo atual são de posse do antigo PT) – fede, tresanda. Este partido, aqui aliado ao PSDB neste governo, tem nos principais cargos da Secretaria da Educação, pessoas do PT que inclusive forma demitidas por Valmir e readmitidas, são o núcleo da crise desse desgoverno. As únicas exceções  de  alguma decência são Arenes e Eliane. Miquinha e Euzébio  estão agarrados ao fisiologismo, se igualam em porcaria com Odilon e restante.

Aliás, tolo de quem se vende a um grupo que não tem mais como pagar.


Então todo o esforço e diria eu, até sacanagem feita até agora pelo grupo de cá, foi inútil. Não precisava porque não acrescentou um nada, apenas criou mais confusão, expondo desnecessariamente o MPE e outros agentes. Ainda esperamos a intervenção de grupos organizados e externos. A câmara dos vereadores demonstrou sua real serventia: nada. Não serve para nada, são grumetes do poder executivo, num jogo de partilha de poder e recursos. Bandidos de lá e de cá, superfaturam falsificando os vidros da câmara – o projeto original eram todos blindados, trocaram por películas, o piso refeito logo após a inauguração, o sistema de som, o landscape, tudo superfaturado e agora, raposas que falam contra aspirantes cobraram duramente propinas de até 40% dos pagamentos. Falamos com provas.

Sabemos até quando este impasse vai durar: até as investigações  publicas do MPE chegarem a uma decisão. Ou da PF. Ou das forças politicas de Brasília.


Alias nossa consultoria sempre foi buscar forças e alianças internas e externas, estado e federação. Afinal um prefeito de 1,2 bilhão ano não se tira do cargo no grito.

quarta-feira, 11 de março de 2015

Prefeito de Parauapebas afastado ou

Porque Lulu Bergantim
não atravessou o Rubicon



Comparando...
Com este texto iniciei as analises do governo Valmir da Integral. Era o retrato e feitio de Lulu Bergantim. Não imagina que minhas criticas e observações acertaria tanto. Erros colossais, truculência, desrespeito a lei, falta de governança. Na verdade imaginava sim, conheço Valmir há mais de 20 anos. Double face e manipulador deparou finalmente com gente mais esperta, menos sensível e se ferrou, deu nisso ai: mais dois anos perdidos para nossa cidade. E num momento critico, em que cruzam os erros e faltas da VALE e nossos erros. Precisamos frear agora a loucura em exportar cada vez mais e mais minério, mesmo com seu preço aviltado. Precisamos repensar o destino da cidade. Um distrito industrial sustentável, um melhor aproveitamento da reserva florestal, uma gestão competente e de futuro juntamente com lideres capacitados e decididos e enfrentar uma nova realidade para nos. Valmir foi vencido pela inercia, pela incapacidade, pelos grupos de poder (leiam ANALISE DE PODER, publicado) e interesses mesquinhos que infestaram seu governo.  Diferentemente do amalucado Lulu Bergantim, o titubeante Valmir da Integral vai embora sem deixar saudades, derrotado pela sua própria inépcia e covardia. Sugado pelos diletos secretários mentirosos e de fachada e por seus entes próximos e queridos, com quem dividia  sua intimidade, ele se vai com seus  sonhos e com a possibilidade de redenção perdidos para sempre. Agora são novos tempos, precisamos deixar Lulu, ou Valmir retornar para seu ostracismo e a partir de então, cuidarmos para não permitir novos Lulus ou Valmir se tornarem tão poderosos. Podem nos deixar a ver navios...



Lulu Bergantim veio de longe, fez dois discursos, explicou por que não atravessou o Rubicon, coisa que ninguém entendeu, expediu dois socos na Tomada da Bastilha, o que também ninguém entendeu, entrou na política e foi eleito na ponta dos votos de Curralzinho Novo. No dia da posse, depois dos dobrados da Banda Carlos Gomes e dos versos atirados no rosto de Lulu Bergantim pela professora Andrelina Tupinambá, o novo prefeito de Curralzinho sacou do paletó na vista de todo mundo, arregaçou as mangas e disse:
— Já falaram, já comeram biscoitinhos de araruta e licor de jenipapo. Agora é trabalhar!

E sem mais aquela, atravessou a sala da posse, ganhou a porta e caiu de enxada nos matos que infestavam a Rua do Cais. O povo, de boca aberta, não lembrava em cem anos de ter acontecido um prefeito desse porte. Cajuca Viana, presidente da Câmara de Vereadores, para não ficar por baixo, pegou também no instrumento e foi concorrer com Lulu Bergantim nos trabalhos de limpeza. Com pouco mais, toda a cidade de Curralzinho estava no pau da enxada. Era um enxadar de possessos! Até a professora Andrelina Tupinambá, de óculos, entrou no serviço de faxina. E assim, de limpeza em limpeza, as ruas de Curralzinho ficaram novinhas em folha, saltando na ponta das pedras. E uma tarde, de brocha na mão, Lulu caiu em trabalho de caiação. Era assobiando "O teu-cabelo-não-nega, mulata, porque-és-mulata-na-cor" que o ilustre sujeito público comandava as brochas de sua jurisdição. Lambuzada de cal, Curralzinho pulava nos sapatos, branquinha mais que asa de anjo. E de melhoria em melhoria, a cidade foi andando na frente dos safanões de Lulu Bergantim. Às vezes, na sacada do casarão da prefeitura, Lulu ameaçava:
—Ou vai ou racha!

E uma noite, trepado no coreto da Praça das Acácias, gritou:
—Agora a gente vai fazer serviço de tatu!

O povo todo, uma picareta só, começou a esburacar ruas e becos de modo a deixar passar encanamento de água. Em um quarto de ano Curralzinho já gozava, como dizia cheio de vírgulas e crases o Sentinela Municipal do "salutar benefício do chamado precioso líquido". Por força de uma proposta de Cazuza Militão, dentista prático e grão-mestre da Loja Maçônica José Bonifácio, fizeram correr o pires da subscrição de modo a montar Lulu Bergantim em forma de estátua, na Praça das Acácias. E andava o bronze no meio do trabalho de fundição quando Lulu Bergantim, de repente, resolveu deixar o ofício de prefeito. Correu todo mundo com pedidos e apelações. O promotor público Belinho Santos fez discurso. E discurso fez, com a faixa de provedor-mor da Santa Casa no peito, o Major Penelão de Aguiar. E Lulu firme:
— Não abro mão! Vou embora para Ponte Nova. Já remeti telegrama avisativo de minha chegada.

Em verdade Lulu Bergantim não foi por conta própria. Vieram buscar Lulu em viagem especial, uma vez que era fugido do Hospício Santa Isabel de Inhangapi de Lavras. Na despedida de Lulu Bergantim pingava tristeza dos olhos e dos telhados de Curralzinho Novo. E ao dobrar a última rua da cidade, estendeu o braço e afirmou:
— Por essas e por outras é que não atravessei o Rubicon!

Lulu foi embora embarcado em nunca-mais. Sua estátua ficou no melhor pedestal da Praça das Acácias. Lulu em mangas de camisa, de enxada na mão. Para sempre, Lulu Bergantim.


José Cândido de Carvalho (1914 -1989), foi jornalista, contista e romancista. Vida premiada e espetacular, citado.